Pensamentos...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Os Quase Cristãos

ESTE Sermão foi pregado em Londres, cerca de um mês antes de o ser em Oxford. O tipo de caráter ai descrito não se limita a tempos ou a lugares. Os primitivos metodistas de Oxford viviam a melhor fase da vida "quase cristã". Sinceridade, zelo, observância escrupulosa das ordenanças, invariável diligência no cumprimento de todos os deveres, combinavam-se para constituir o caráter que, por zombaria, recebeu o qualificativo de "Metodista". Não obstante tudo isso, neste sermão o pregador declara que aquelas pertencem somente aos "quase cristãos". Sem a essência da verdadeira piedade, essa forma exterior de devoção se toma destituída de valor.Que Wesley não acreditava que os elementos da genuína religião se encontrassem no caráter aí descrito, é evidente do Sermão 9, no qual ele faz o contraste entre o mesmo legalismo e a inimizade natural, ou indiferença. Nada poderia marcar mais decididamente o sentido da suprema importância da crise conhecida como conversão, do que o fato de ele reduzir toda a graça precedente a nenhum valor, desde que lhe falte o coroamento da experiência que transforma o quase em perfeito cristão. Seu apelo aos ouvintes, evocando sua própria, experiência, é característica do pregador. Ele mostra-se profundamente destituído do orgulho de opinião, da falsa coerência, que leva o homem a aderir ao erro, simplesmente por ter tido uma vez a desventura de incorrer nesse erro. Wesley pode falar de si mesmo como se fosse outro homem, e usa seu próprio exemplo para prevenir os ouvintes contra o erro. Há casos de auto condenação muito diferentes deste. Alguns recém-convertidos têm posto em relevo sua carreira má e em outras ocasiões a têm mesmo denegrido, para tornar mais vivo e frisante o contraste com o estado atual.Tal prática é perigosa, senão censurável. Os grandes pecados desta vida se há grande necessidade de serem mencionados por um homem convertido, devem-se lembrar com profunda tristeza e temor de rebaixamento próprio que deixem muito longe qualquer vestígio de gabolice. Proceder de outro modo é correr o risco de criar uma impressão que muito se distancia da que pretendesse causar. O ouvinte pode não nutrir sentimento de gratidão em face do reerguimento de um tão grande pecador, mas, ao contrário, certa dúvida no tocante à genuinidade do propósito e à realidade da mudança.
No caso de Wesley, as alusões à sua própria experiência são pertinentes e são feitas num espírito de verdadeira humildade, visto que as acusações que ele faz a si próprio representam um esforço para servir a Deus, de modo muito mais elevado do que as profissões mais solenes de muitos que lhe ouviam o discurse.
Este contraste é frisante. Se seu zelo e consciência foram além da medida, qual poderia ser a condenação por parte daqueles, que nenhum apreço davam às coisas que constituem a verdadeira, vida cristã?
Este sermão nos dá um esboço das "Regras Gerais das Sociedades Unidas", que foram publicadas primeiro em 1743, aproximadamente dois anos depois da prolação deste discurso.
ESBOÇO DO SERMÃO 2
I. O que, implica ser quase cristão?
1. Honestidade pagã, incluindo justiça, verdade e amor.
2. A forma da piedade; abstenção dos pecados exteriores, fazendo o bem mesmo com esforço e sacrifício e
usando publicamente dos meios de graça, usando-os no seio da família e em particular.
3. Sinceridade, ou desígnio real de servir a Deus.
II. O que implica ser inteiramente cristão?
1. Amar a Deus.
2. Amar ao próximo.
3. Fé, — não fé morta, especulativa,— mas a que dá certeza de perdão de pecados e é seguida da posse de
um coração amante, guardando com zelo os mandamentos de Deus.
(John Wesley).

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